terça-feira, 11 de novembro de 2014

Relações de confiança

Os médicos precisam conhecer a verdade para que possam ter uma visão clara da saúde do paciente, mas é difícil de admitir certas coisas a um estranho. É preciso uma enorme quantidade de conforto por parte do paciente com o médico para aquele ser capaz de falar honestamente.

Além disso, médicos que não conhecem o paciente não sabem ao certo o que perguntar. É por isso que é importante ter um médico pessoal ou um médico de família que o atenda regularmente, e é fundamental se sentir confortável falando com ele ou ela. Quando o médico conhece a família e o meio onde vive o paciente, o acompanhamento fica mais eficiente e adquire maior credibilidade.

As relações de confiança podem ir além dos médicos. Os agentes de saúde, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais também contribuem significativamente nos tratamentos. Muitos pacientes não têm esse tipo de relacionamento, o que pode explicar parte da hesitação para falar abertamente.

O Programa de Saúde da Família (PSF), que agora se chama Estratégia de Saúde da Família, contribuiu com a aproximação dos médicos com seus pacientes. A Estratégia de Saúde da Família visa a reversão do modelo assistencial vigente, onde predomina o atendimento emergencial ao doente, na maioria das vezes em grandes hospitais. A família passa a ser o objeto de atenção, no ambiente em que vive, permitindo uma compreensão ampliada do processo saúde/doença.

Além do PSF, as Unidades Básicas de Saúde (USB) são a linha de frente de um sistema mais acesível de cuidados. Todas as UBSs realizam a atenção de uma população específica que está em um território definido. Assumem, portanto, a responsabilidade sanitária e o cuidado destas pessoas, e trabalham considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações.

Referências:
http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_como_funciona.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_Sa%C3%BAde_da_Fam%C3%ADlia

8 comentários:

  1. Esse assunto é bastante relevante. É sabido que, para um melhor acompanhamento de um paciente, quanto maior for a proximidade do médico com o paciente, maiores serão as possibilidades de êxito com o tratamento. Isso, porque a proximidade médico/paciente contribui para uma maior facilidade de troca de informações. E essas informações são fundamentais para o diagnóstico correto do problema do paciente. No caso das UBS, programa adotado pelo Governo Federal, os agentes comunitários de saúde são os responsáveis por manter esse vínculo tão importante entre o médico e o paciente. As visitas na casa do paciente forçam um maior acompanhamento do tratamento e ajudam o medico a solucionar os problemas. Porém, sabemos que na realidade as visitas não são feitas da maneira como deveriam...

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  2. Uma melhor relação médico-paciente não tem somente efeitos positivos na satisfação dos usuários e na qualidade dos serviços de saúde. Vários estudos mostram que influencia diretamente sobre o estado de saúde dos pacientes. Por exemplo, no estudo de Fallowfield, a incidência de ansiedade e depressão depois de 12 meses do diagnóstico de câncer de mama é inferior entre as pacientes que tiveram uma boa informação em comparação a um outro grupo mal-informado (1990). Outros estudos têm confirmado que uma melhor relação médico-paciente interfere no sucesso do tratamento, como salientado por Dixon e Seweeny: A importância da relação terapêutica explica por que a adesão ao processo terapêutico depende mais do médico do que das características pessoais do paciente, em particular, o paciente é muito mais inclinado a atender a prescrição se ele pensa que conhece bem o médico que está prescrevendo (Dixon e Sweeney, 2000).Observa-se uma necessidade crescente em desenvolver uma comunicação mais aberta entre médicos e pacientes que possibilite uma maior qualidade na relação. Em face dessa questão, o primeiro ponto a ser apresentado para reflexão é relativo ao comportamento profissional do médico. Este deve incorporar aos seus cuidados a percepção do paciente acerca de sua doença, que possivelmente diverge do modelo clínico, visto que são valores e compreensões próprias daquele caso. Isto não significa que os médicos tenham de se transformar em psicólogos ou psicanalistas, mas que, além do suporte técnico-diagnóstico, necessitam de sensibilidade para conhecer a realidade do paciente, ouvir suas queixas e encontrar, junto com ele, estratégias que facilitem sua adaptação ao estilo de vida influenciado pela doença.
    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232004000100014&script=sci_arttext

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  3. Um ponto muito importante nessa questão da melhora da relação paciente e médico é a visita domicilar. Ela é parte importante da semiologia para os médicos de família e comunidade, porém as consultas são realizadas prioritariamente no consultório médico, a não ser em contextos específicos como o dos pacientes acamados. Esse recurso da visita domicilar é importante para o conhecimento da comunidade em que paciente habita, o que engloba desde infra-estrutura até valores culturais; sendo esse aspecto o mais importante no PSF, citado na postagem.

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_de_fam%C3%ADlia_e_comunidade

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  4. Falar da ética na relação médico-paciente ou na relação existente entre os profissionais da saúde é falar da relação entre o eu e o outro. Para que esta relação seja ideal e tranqüila é necessário que a conduta do médico, em suas relações profissionais, seja com o paciente ou com colegas de profissão, se paute sempre na observância dos princípios éticos e bioéticos da autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. O médico deve sempre observar a vontade do paciente em querer ou não o tratamento indicado, deve sempre utilizar seus conhecimentos para evitar provocar danos aos seus pacientes, maximizando os benefícios e minimizando os riscos possíveis na busca constante do seu bem-estar e também deve levar em conta a imparcialidade na distribuição dos riscos e dos benefícios, considerando as desigualdades entre as pessoas, sejam elas sociais, morais, físicas ou financeiras e, principalmente, a dignidade da pessoa humana e a recusa total a qualquer tipo de violência. Os princípios bioéticos se inspiram no respeito ao outro e na dignidade da pessoa humana, sendo que o médico deve entender que o paciente deve ser tratado como um sujeito autônomo e livre na busca da melhor decisão para sua vida e saúde, não se podendo mais conceber uma postura paternalista ou autoritária do médico em relação aos seus pacientes. A observância a tais princípios não significa uma subjugação do médico à vontade absoluta do paciente na tomada de decisões, pois deve ser entendido que ele também tem autoridade, enquanto detentor de conhecimentos e habilidades específicas, e que deve assumir a responsabilidade pela tomada de decisões técnicas. É certo, porém, que o paciente também participa ativamente no processo de tomada de decisões, exercendo seu poder de acordo com o estilo de vida e seus valores morais e pessoais.

    http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=518

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  5. É importante ressaltar que os pacientes não são os únicos que sofrem pela insegurança derivada da falta de conhecimento sobre o paciente. O profissional médico muitas vezes se encontra numa situação em que por ter de atuar em um curto período de tempo, apenas com as informações disponíveis (que o paciente pode fornecer), este pode chegar a conclusões precipitadas, muitas vezes tendo repercussões "catastróficas".

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  6. Muitos médicos possuem a visão de que seus pacientes são como máquinas a serem consertadas. Essa percepção, muitas vezes, é adquirida durante a sua formação. Somado a isso, o objetivo de lucrar com consultas diminui o tempo que o médico passa o com paciente. Toda essa situação prejudica o vínculo que o médico tem com o paciente e é indispensável tomarmos medidas como a organização das UBS e a humanização do curso de medicina para melhorarmos esse vínculo.

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  7. Muitos médicos são apenas bons especialistas, sabem inúmeras doenças, inúmeros formas de tratamento, efeitos colaterais de alguns fármacos e por ai vai... Só que esquecem de ser bons MÈDICOS, que é além de diagnosticar e tratar o paciente, é entender e saber interagir com ele. O que acontece é que a medicina no Brasil se tornou super especializada, isso contribui para piorar a relação médico-paiente, porque você se consulta com um cardiologista, depois já vai para um neurologista e depois para um psiquiatra, e não forma nenhum vínculo com eles. A universidades de medicina deveriam preparar os estudantes para o simples, o comum ou o prevalente e dar-lhe boa orientação de consultoria para que a triagem seja eficaz e não deixe o doente desnorteado ante o que fazer.
    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302005000300011&script=sci_arttext

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  8. A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de pessoas (2.400 a 4.000), localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. Entre algumas das características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica estão: A programação e implementação das atividades de atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de freqüência, risco, vulnerabilidade e resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda de trabalho compartilhado de todos os profissionais e recomenda-se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas de saúde, ciclos de vida, sexo e patologias dificultando o acesso dos usuários; O desenvolvimento de ações que priorizem os grupos de risco e os fatores de risco clínico-comportamentais, alimentares e/ou ambientais, com a finalidade de prevenir o aparecimento ou a persistência de doenças e danos evitáveis; e etc.
    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_Sa%C3%BAde_da_Fam%C3%ADlia

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